horas, dias, semanas se passaram, e só um gerador de energia fez parar e voltar para aquela manhã.
Encontramos lá, histórias, vidas, encontramos nomes, Paulo, ao chegarmos veio ao nosso encontro, sorriso amarelo, pele morena, feridas acumuladas, pés rachado, roupa surrada, o Índio.
Não negou o vicio, queria R$0.50 para uma branquinha, e nós? o que queremos lá? Queremos transformar, e mais queremos ser transformados.
Primeiro contato com aquela realidade foi ele, índio, ex- caminhoneiro, família do RS, pai de filhos ausentes, traído desiludido, chutou o balde, foi ele o nosso guia, primeiro amigo que encontramos lá; um de nós foi presenteado como o pouco que ele tinha, chaveiro quebrado, foi um marco esse gesto, gesto que nos fez prosseguir, mais fez um pedido, há duas semanas sem banho, queria sabonete, também queria capa de chuva, mochila, e até um cobertor? Esmola? Não, necessidade.O cobertor empoeirado que tinha foi queimado, queimado com ele, é queimado, incendiado, em pleno centro pessoas são incendiadas, racismo? preconceito? diversão? Não sei, não tenho respostas, mais pessoas são incendiadas. Desde primeiro domingo ele já descreveu vários pontos de origem, primeiro foi Estado do RS, após SP e por ultimo ou melhor até voltar ao primeiro foi MS, a sua história o acompanha, motorista, marido traído, pai de filhos ausentes, talvez essa é a única lembrança ou a ultima novidade que tenha a nos contar,além dos seus dias nas calçadas, de seus amigos que os cuidam, a única certeza que temos é sua origem: Índio.
Com todo o respeito e delicadeza posso pedir  a Senhora, já conhecemos ou melhor pensamos que o conhecemos, ninguém é poupado de sua história mesmo que já tenha ouvido.
 Já mudou da calçada da frente da rodoferroviária  para o banco da rodoferroviária , domingos cheirando uma branquinha, outros falta de banho mais sempre lá, ou melhor até fim de janeiro, o que sabemos é que ele está em uma chácara, ele quer mudança.
Esse é o Índio, com passado incerto, mais acreditamos que com um futuro garantido.
Confie Naquele em quem confiamos.
( História de Paulo o Índio, até 27-01-2013)


HISTÓRIA DE IGOR.





A calçada nunca foi macia, aquele vento não era quente e a fome estava lá.
Mais o pior era a espera, a espera por alguém que não chegou.
Então o choro foi a melodia daquela tarde, a melodia em meio a passos acelerados, em meio a motores dando partida, a única companhia era a solidão. Havia vozes, palavras sem sentido, quem passava naquela hora não era quem ele esperava, ele aos olhos de quem passava era só mais um naquela calçada.

Sim era mais um naquela calçada, mais era um que queria mudança.

Ele não ligava para quem passava ele continuo lá, jogado com suas lagrimas continuou deitado. Não havia nenhum quarto para esconder os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, não havia nenhum travesseiro para abafar o soluço. Lá só havia a calçada!
(história de Igor até tarde de 03-02-2013)


 (Imagem:Google.com)